A aproximação entre Brasil e Portugal sempre foi objecto de comovidos discursos evocando os laços históricos e culturais que unem os dois países. Não era uma retórica vazia, já que traduzia uma verdadeira aspiração, mas lhe faltava o conteúdo dos negócios, o qual tem sido, desde a Antiguidade, um fundamental impulso para a intensificação dos contatos entre os povos.
Nos últimos anos isso tem mudado. O ingresso de Portugal , em 1986, na Comunidade Económica Europeia, hoje União Europeia, tornou-se, para o Brasil, a porta de entrada para um poderoso mercado.De maneira semelhante, a partir da constituição, em 1991, do Mercado Comum do Sul (Mercosul), essa região da América credenciou-se como um dos mais promissores pólos de investimentos de todo o mundo. O Brasil, assim, pôde se tornar uma força para as empresas portuguesas competirem nesse mercado.
Neste artigo, retrocederemos um pouco e buscaremos a grande viragem que constituiram os investimentos portugueses no Brasil , a partir de meados da década de noventa, pois até aquela data os investimentos bilaterais foram irrisórios, com o Brasil a investir mais em Portugal do que o inverso, mas de forma tímida em relação à actualidade.
Assim, a grande viragem nas relações entre os dois países, com laços históricos profundos, teve uma data precisa. Foi em 14 de abril de 1996, com a visita do primeiro-ministro António Guterres, que se fez acompanhar por uma importante delegação de executivos das mais diversas empresas de pequeno, médio e grande porte, e apelar à cooperação empresarial entre os dois países. Segundo palavras retiradas do seu discurso naquela data, "a língua portuguesa e a cultura lusófona são fortes amarras históricas, mas a ambição dos dois povos não pode ficar presa à nostalgia passadista nem aos únicos argumentos do coração".
Leia o primeiro de uma série de artigos de Cristiano Cechella sobre as realações Portugal-Brasil no Portugal Digital
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