Entrudo no Brasil - Gravura de Debret
Oh! abre ala!
Que eu quero passá,
Estrêla d’Arva
do Carnavá!!
Oh! abre ala!
Que eu quero passá,
Estrêla d’Arva
do Carnavá!!
Os especialistas afirmam que as origens do Carnaval se perdem na antiguidade greco-romana, tendo chegado ao Brasil por volta de 1855. A cidade do Rio de Janeiro foi a sua porta de entrada, e ali misturou-se com um outro folguedo já bastante popular por essas bandas naquela época, o “Entrudo“, que para aqui fôra trazido pelos portugueses ainda em tempos coloniais.
Segundo Alexandre José De Melo Morais Filho (1884-1919), poeta, prosador e historiógrafo baiano de tempos idos, grande estudioso das tradições e festas populares do Brasil, “para descobrirmos as nascentes do Entrudo é necessário supreendermos os antigos navegadores portugueses nas suas narrativas de viagem da Índia para os Açores, onde esta festa pública, que se celebrava anualmente no Pegu [hoje Tailândia], foi introduzida, passando-se daquele arquipélago para o Brasil com os primitivos colonos“.
É, portanto, no Entrudo que devemos situar as origens do Carnaval no Brasil. A pesar da estranha sonoridade da expressão , é curioso observar o quanto ela, de facto, traduz o significado desse folguedo que adquiriu grande importância como festa popular no Brasil.
Do Latim “introitus“, que significa entrada, acesso, o Entrudo refere-se a entrada na Quaresma, que o sucede na “Quarta-Feira de Cinzas”. O “dia de Entrudo” era equivalente a “dia de Carnaval“. A sisudez e a inaCção habituais na vida de homens e mulheres eram substituídas pela extroversão e alegria. Era como se houvesse uma espécie de determinação para compensar, pelo divertimento, um período de recolhimento e introspecção que viria logo depois com a Quaresma.
Entre o Carnaval e o Entrudo havia grandes diferenças. Como bem relembrou Machado de Assis em um conto curto chamado “Um Dia de Entrudo”, de 1874, em vez de máscaras, que caracterizavam o primeiro e ainda hoje são o seu símbolo predominante, “brilhavam os limões de cheiro, as caçarolas d’água, os banhos, e as várias graças que foram substituídas por outras não sei se melhores se piores”.
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