segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

OS CARNAVAIS EM PORTUGAL

MEALHADA - O Carnaval mais Luso - Brasileiro de Portugal

Carnaval da Mealhada - o mais luso-brasileiro

Este ano, um “azar” atingiu a organização do Carnaval da Mealhada. O rei escolhido, um actor brasileiro, cancelou a sua vinda a Portugal. Mas rei morto, rei posto – outro actor brasileiro, Alexandre Nero, fará as honras.

É tradição na Mealhada desde a primeira telenovela brasileira: em 1978, o actor Jaime Barcelos veio da Gabriela para ser o primeiro rei brasileiro ali e o amor permanece.

A ligação ao Brasil, que começou nos idos de 70 com estudantes brasileiros da vizinha Coimbra, manteve-se e fortaleceu-se. “Este é o carnaval mais luso-brasileiro de Portugal”, declara Carlos Pinheiro, presidente da Associação Comercial e Industrial da Mealhada, “uma referência nacional”.

TORRES VEDRAS  - o mais português

Ao longo do tempo, alguns carnavais “abrasileiraram-se”, diz o presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Carlos Miguel. O de Torres Vedras tornou-se “o Carnaval mais português de Portugal”. “Não foi estratégia”, confessa o presidente da câmara, “foi uma consequência”. “Teve o privilégio de manter uma série de características, inclusive o envolvimento muito forte das pessoas, que acabaram por transformar a imagem da cidade e do concelho”.

As características são, a saber: “A crítica e a sátira, local, nacional e internacional”; “o carisma da participação, quem vem está envolvido no corso, não há barreiras”; as matrafonas, por exemplo.
Há 20 anos começou a avalancha de vedetas brasileiras. “Não foi fácil resistir”, reconhece, “mas agora começamos a desfrutar da manutenção da raiz”
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OVAR -  O Maior de Portugal
Afinal, quantos carnavais existem em Portugal? Muitos. São muitos, sem serem “necessariamente idênticos em todos os lugares”, nem “absolutamente singulares em cada um deles”, nota Paulo Raposo, antropólogo do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE).

Praticamente todas as localidades do país têm o seu próprio carnaval. Mas alguns carnavais são mais efusivos do que os outros. Os de Ovar, Mealhada, Torres Vedras ou Loulé, por exemplo. O que têm em comum? São cidades de pequena e média dimensão onde esta festa é quase um Natal – há cultura, diversão e um retorno económico palpável.

Há algumas décadas, não havia dúvidas: o Carnaval começava no sábado Gordo e na quarta-feira de cinzas já estava, claro, enterrado. Agora, os festejos carnavalescos duram semanas, em crescendo até aos dias de corso. Diríamos que a tradição já não é o que era se Paulo Raposo não alertasse para os “processos históricos dinâmicos, que podem alterar os sentidos, modos, encenações destas manifestações”.

O Carnaval é uma tradição que se tem actualizado, portanto, e que descobriu o seu potencial, tornando-se, por isso, uma imagem de marca cobiçada. De tal modo que, explica, “é evidente que muitas localidades têm investido claramente nas suas festas – prefiro usar o termo “performances culturais” - como recurso patrimonial ‘turistificável’”.

A tradição cultural está lá, mas também está o marketing, para “a afirmação de singularidades identitárias” (e para a rentabilização máxima). Assim, nasceu Torres Vedras, o Carnaval mais português de Portugal, ou a Mealhada, o maior Carnaval luso-brasileiro. O de Ovar é promovido como o maior do país e o de Loulé como o mais antigo.

Publicado pela Embaixada de Portugal - Brasília

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