Com a devida vénia, transcrevemos aqui a conclusão final de um extenso artigo, sob o título em epígrafe, da autoria de Fernando de Sousa e Marília Sardenberg Gonçalves publicado pela representação em Portugal da Federação das Cãmaras de Comércio e Indústria da América do Sul:
"No âmbito de uma economia mundial globalizada, Portugal e o Brasil podem desenvolver uma estratégia mútua de cooperação, que transcenda o quadro de aproximação e relacionamento (inquestionável) entre o Mercosul e a União Europeia, de forma a darem um novo sentido às relações luso-brasileiras e a ultrapassarem definitivamente as simples e episódicas relações culturais e as afirmações retóricas de circunstância que as caracterizaram durante largas décadas.
Uma estratégia comum de aprofundamento das relações entre os dois países, baseada no princípio da reciprocidade e no bem comum dos seus povos, que passa obrigatoriamente pelos respectivos governos, mas que passa igualmente, para além do mundo empresarial, pelas universidades e centros de investigação portugueses e brasileiros, instituições que têm uma palavra fundamental a dizer quanto à definição das áreas de cooperação prioritárias, competindo aos responsáveis políticos de ambos os países incentivar e acarinhar.
Portugal e o Brasil poderão constituir uma ponte essencial para a institucionalização de um diálogo mais aberto e mais fecundo entre a América do Sul e a União Europeia, mas paralelamente, devem aprofundar e consolidar as mais intensas relações económicas, sociais e culturais que Portugal jamais registou com qualquer outro país ao longo da sua história, tendo em atenção,
no plano económico, a importância do investimento português no Brasil e o reforço do investimento brasileiro em Portugal;
no plano social, a dimensão desse novo fenómeno que dá pelo nome de emigração brasileira para Portugal, nova face das migrações que durante séculos se desenvolveram em sentido contrário;
e no plano científico e cultural, a cooperação universitária que está a desenvolver-se, mas que tem de ser intensificada, quer para os investigadores, quer para docentes e alunos.
Só assim é que o Brasil e Portugal, tendo como pano de fundo o Atlântico, onde ambos os países se uniram e nele continuam, física e simbolicamente, pelo território, pela história, pela cultura, pela língua e pelos espaços regionais em que se inserem, poderão reencontrar-se de novo, e hoje, mais do que ontem, marcarem de forma determinada e determinante o sistema internacional."
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